Dengue: mutirão em Salvador tenta conter aumento de doenças no início do ano

Campanha Nacional de Combate ao Mosquito ocorreu em todas as capitais brasileiras e no interior do estado

Com o apoio das Forças Armadas e de agentes de endemias, nesta sexta-feira (02), moradores de Salvador e de pelo menos dez cidades baianas saíram às ruas, realizaram mutirões de limpeza e mobilizaram unidades de ensino à procura de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti.  As ações, que ocorreram em todas as capitais do país, fizeram parte do Dia Nacional de Combate ao Mosquito, que é transmissor da dengue, zika e da chikungunya.

A situação da capital baiana inspira cuidados e o crescimento do nível de infestação apontado pelo último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que alcançou 2,3 no mês passado (o nível aceitável é de até 0,9), pode apontar o adoecimento da população. “LIRAa alto agora significa doença no primeiro semestre do ano que vem”, adverte o secretário de Saúde de Salvador, José Antônio Rodrigues.

Na Escolab de Coutos, a tecnologia se mostrou eficiente na mobilização de crianças. Elas estiveram pela manhã jogando em tablets o jogo “Mosquito Não”, apelidado pelos estudantes de “Mosquito Go”, em referência ao aplicativo do desenho Pokémon. “A gente tem que procurar garrafas para virar, jogar fora os pneus, colocar terra na planta. Com isso vamos achar e evitar os mosquitos”, conta o estudante Gabriel Marques, 12 anos, em referência ao jogo. “A gente consegue ver isso na rua também e já fica atento”, completa outro estudante, Gabriel Ferreira, 9. Segundo a professora de Jogos de Linguagens Tâmiles Gonzaga, os estudantes têm conseguido se entreter e levar a consciência contra o mosquito para casa. A unidade foi uma das visitadas pela comitiva dos governos federal, estadual e municipal.

Inspeção
Órgãos do poder estadual e municipal participaram dos eventos de mobilização em escolas do Subúrbio Ferroviário e, representando o governo federal, compareceu o secretário de Articulação Social da Secretaria de Governo da Presidência da República, Henrique Villa.

“É uma oportunidade de estarmos com o governo da Bahia e de Salvador, juntos, pelo combate ao mosquito. A gente veio de Brasília para isso e é uma oportunidade de estar aqui forjando novos projetos, que a gente pode agregar a outras ideias. Foi o presidente da República (Michel Temer) que exigiu que os seus ministros fossem aos estados para dar esse apoio e tive o prazer de vir para Salvador”, afirmou Villa.

As vistorias tiveram início na Escola de São Tomé de Paripe e ao longo do dia foi agendada a inspeção de outras 441 escolas municipais, 160 unidades de saúde, além de mutirão de limpeza em parceria com a Limpurb nos bairros de Pau da Lima e Canabrava. Integrado com as ações nacionais, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realiza o D Olho no Mosquito, que vai cuidar dos espaços de trabalho ligados à Prefeitura de Salvador.

No interior do estado, segundo técnicos da Sala Estadual de Coordenação de Controle das Arboviroses que compareceram ao evento, as ações são similares. As cidades de Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Conceição do Jacuípe, Eunápolis, Governador Mangabeira, Itiúba, Paripiranga, Paulo Afonso, Ruy Barbosa e Serra do Ramalho são as que tiveram maior mobilização por conta da alta infestação. Essas dez cidades ganharam um veículo modelo Doblô, doado pelo Ministério da Saúde, para ajudar no deslocamento das equipes de combate ao mosquito.

140 toneladas de lixo
Segundo o secretário José Rodrigues, o crescimento do LIRAa nos três últimos meses na capital causa preocupação por conta da aproximação do Verão, período com maior histórico de infestação. Por conta disso, Salvador antecipou em 30 dias as ações da campanha que está sendo lançada oficialmente agora pelo Ministério da Saúde. O foco das ações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em parceria com a Limpurb são os mutirões, que desde hoje passaram a contar com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, que dará mais atenção às unidades escolares (com as inspeções e trabalhos socioeducativos). Além disso, a campanha chegou nas estações de transbordo e em pontos comerciais de grande porte de áreas com maior infestação.

“Apenas esse mês nós recolhemos 140 toneladas de lixo domiciliado, ou seja, entulhos que as pessoas guardavam dentro de casa expostos ao tempo”, estima José Rodrigues. “Temos todo um trabalho dos últimos três anos e não queremos perder, nosso objetivo é chegarmos em janeiro com índices abaixo de 2”, completou.

Ricos e pobres
O LIRAa divulgado na cidade é uma média, o que quer dizer que a cidade com maior exposição ao mosquito, como é o caso da região do Subúrbio Ferroviário. “A situação daqui está acima de 3.9, é considerado emergencial e foi por aqui que começamos os mutirões”, afirma o secretário de Saúde. “É interessante observar que há áreas também periféricas da cidade que têm índices próximos de zero, que foi quando teve maior mobilização da sociedade, como por exemplo Massaranduba. Enquanto isso temos áreas nobres da cidade que voltaram a ter crescimento de infestação como o Itaigara por causa de descuidos”, alerta José Antônio. Uma das razões do crescimento do LIRAa é o clima dos últimos dias. “A chuva seguida de sol é o playground do mosquito”, afirma o secretário, referindo-se as condições ideais para a proliferação do Aedes.

Fonte: Dengue: mutirão em Salvador tenta conter aumento de doenças no início do ano – CORREIO | O QUE A BAHIA QUER SABER:

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